07 abril, 2011

aqui em cima

Venta forte aqui em cima. Sinto meu coração pulsar, forte, rápido - nunca tinha sentido meu coração pulsar; é como se eu pudesse ouví-lo; o que será que canta? Venta forte aqui em cima a noite está estrelada, mas aqui na cidade não conseguimos ver todas as estrelas como dizem; lembro daquela vez na praia quando pude ver como é o céu. Sinto a beirada da mureta em meus pés, áspera ao mesmo tempo macia. Sinto meu coração pulsar mais forte agora mas não sei o que sinto. Há um caroço na mureta, toco-o com o dedão, talvez na hora de fazê-lo o pedreiro tenha deixado cair um pouco de cimento; quanto tempo faz? quanto tempo faz que estou aqui? Sinto-o com agora com a sola do pé; suspiro, respiro tão profundo e sinto cheiro da noite como sentia quando era criança e brincava em minha rua; suspiro profundo para encher meu pulmão; quase um bocejo; o vento forte toca meus braços como se quisesse me levar; eu deixo minha visão perder o foco tudo está borrado vejo as luzes lá das casas como bolotas de sol; as luzes dos postes fortes alaranjadas; venta forte aqui em cima; outro suspiro profundo o chão e a mureta estão úmidos ou gelados não sei não choveu hoje; você já escutou o ruído da cidade? aqui em cima eu posso escutar é como um ruído constante de um ventilador ou de um aspirador; já é tarde mas ainda há pessoas que caminham e carros andam sozinhos pelas ruas fazendo curvas inacessíveis para a minha compreensão; fecho os olhos; abro os olhos; e deixo minha visão borrar novamente; perco o foco vejo as estrelas como se fosse pequeninos pontos desfocados no céu; pequenos pontos de mim mesmo, framentados, sinônimos meus; venta forte aqui em cima e essa ventania se alterna com períodos de brisa suave brisa que parece sossegar meu coração minha mente; fecho os olhos.

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